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    "Zé"
  • 15 de dez. de 2020
  • 21 min de leitura

Sexta-Feira dia 16 de Dezembro de 1994 pelas 12 horas e 35 minutos, nasci... Nu e birrento como muitos dos restantes 364 565 bebés que se estimam ter nascido neste dia. Parabéns a vocês!


Ora, nascer no meio de 364 565 bebés traz um leque vastíssimo de perspetivas, sobretudo, quando até ao meu nascimento (nesse mesmo ano), nasceram 127 598 100 bebés. E sabe-se lá quantos desde o início dos registos...


Estou vivo há 9484 dias. dormi 3161 dias, o que me dá um "tempo útil" de 6323 dias. Sabendo que, qualquer coisa pode acontecer em qualquer altura do dia, vou considerar os 9484 dias e transformá-los em segundos... Isto dá a módica quantia de 819 417 600 segundos, tanto eu como todos vós, não tenho a perceção de ver a minha vida mudar 819 417 600 vezes. Portanto, é possível concluir que, no geral, a vida rola mas não muda muito, e também não muda muito porque para além de vivermos pouco tempo, vivemos pouco (no geral) o que a vida tem para dar. Enfim, no fim das contas, o que é importante de analisar é o impacto da mudança por mais pouco frequente que possa ser.


Pegando nesta introdução, é fácil entender que eu e qualquer outra pessoa nascida naquela Sexta-Feira de 1994 (e todas as outras que vieram, tenham vindo e virão ao mundo), não padece de qualquer "especialismo" de tão vulgares que foram tantos nascimentos e tamanha estabilidade dinâmica da nossa/sua vida, porque é um facto que a vida é estável na grande maioria do seu percurso, o que nos aflige, é o espetro em que encontra o seu equilíbrio.


No entanto, nunca é demais reforçar, que não somos todos iguais e que temos características únicas com imenso potencial (geralmente construtivo e positivo)... que, infelizmente, costumam ser oprimidas/suprimidas pelo percurso ou pelo dito equilíbrio que a nossa vida encontra.


Alguns já cá não estão, outros estão na miséria, outros são bem sucedidos (de acordo com pseudo métricas de pseudo construções sociais) e outros andam por aí a tentar adiar a cessação da sua existência e posterior substituição.


Em tantos segundos, tantos nascimentos e tantos dias vividos, posso concluir que a minha e a generalidade de "existências", vulgarmente conhecidas por "vida", é uma mão cheia de pouquíssimas coisas dada a forma como vivemos... que nos rouba tempo para efetivamente vivermos e fazermos alguma coisa.


O "Estado da Arte" que vivemos é a coisa mais rudimentar, redutora e frágil que até hoje conhecemos e a sua variável mais crítica, é o tempo.

Perdemos tanto tempo a tentar ganhar tempo, que no fim, o balanço é claramente negativo e nunca nenhuma geração o recuperará por nós (como se até isto fizesse sentido uma vez que já cá não estaremos para o gozar caso fosse possível recuperá-lo)... Vivemos o cúmulo/absurdo da falta de tempo, ao ponto, do próprio tempo ser a verdadeira moeda de troca para tudo, mas que é dissimulada sob a forma de dinheiro e outras coisas. Mas só para os mais distraídos, não fosse a remuneração auferida ao fim do MÊS.


No trabalho não há tempo.


Nas escolas não há tempo.


Nas relações interpessoais não há tempo.


Para conhecer e se dar a conhecer, não há tempo... temos que acreditar em milagres da nossa "imagem" e de quais as suas correspondências com os interesses do outro interveniente.


Para contemplar o tempo não chega.


No amor o tempo não chega.


Para a curiosidade o tempo não chega.


Passamos a vida inteira a correr atrás do prejuízo para chegarmos ao fim e termos feito tão pouco...


Já vivi e conheci (sim, conheci, não "turistei") tantos recantos no país (outros fora...mas não corro por eles), pessoas, permiti-me a fazer tantas asneiras (mesmo com este "arzinho de sonso" e sabendo que vinha raspanete...), parti e partiram-me dentes (sim, Gonçalo da Natação, esta é para ti), abri a cabeça, combati e fui combatido, esfolei-me com pinta, uma ou outra luxação, saí à noite as vezes que entendi que devia, já subi e desci montanhas, saltei pedregulhos e já caí em cima deles, já liderei e fui liderado, já fui gozado e humilhado, já fui aceite e já fui rejeitado, já menti e já me mentiram, já cresci, já fui enganado, já ensinei e fui ensinado, já estraguei e já reparei, já tive trabalho e já tive que correr atrás dele, já levei o meu corpo para além daquilo que ele suporta física e psicologicamente, tenho dezenas de milhares de quilómetros gravados na memória e cada um é especial por algum motivo, já passei por tantos ambientes, tantas realidades, já senti tanto e com tanta força e já deixei de sentir tanta coisa... E muito, muito, mas mesmo muito mais... O típico de uma pessoa que gosta de desconforto, mas que também sabe que a fatura chega, mais tarde ou mais cedo...


Parece muito!? Normal!? Suficiente!? E é tão pouco...


Chego à conclusão que o expoente máximo de ser Humano só pode ser atingido em plena Liberdade. Uma liberdade que se vive, não a que se entende. Uma liberdade que não a liberdade da "moeda de troca". Uma liberdade a que nos permitimos e não a uma que pensamos ter.

Mas...


Nunca a libertação do Homem pode existir na escassez de tempo que nos é imposta.


Nunca a libertação do Homem pode existir com uma "sobresimplificação" da sua comunicação. A comunicação é a chave para expressarmos o que somos e o que sentimos, as palavras são para serem gastas, nunca poupadas. Mas para se conseguir um hit na rádio não deve ter mais de 3:30 min, uma story no Instagram menos de 1 min (se possível, ainda menos), um tweet com limite de carateres, algoritmos que penalizam quem for um pouco mais expansivo e favorecem notícias falsas para agitar as hostes... Mais, a falta de tempo da generalidade das pessoas também cria situações como esta: irresponsabilidade e subserviente oportunismo de alguns indivíduos que dizem conhecer os mecanismos emocionais do ser Humano de tal maneira que até conseguem mudar vidas "em X sessões", quando apenas impõem um status quo emocional assente em pilares de papel transmitido por vídeos mega hiperbolizados com dentes branqueados e uma projeção de alegria irreal (porque os humanos também têm que sentir emoções que os estimulam de forma menos positiva - do ponto de vista de como são percecionadas) com fundos de prateleiras cheias de livros lidos à pressa (ou então o fundo foi comprado na Amazon...). Não sejam irresponsáveis, se há coisa da qual sabemos muito pouco, é sobre a nossa mente... nem mesmo aqueles que dedicam a sua vida a estudá-la.


Nunca a libertação do Homem se pode dar a uma velocidade incompatível com a sua velocidade de adaptação, da sua e do meio que o circunda.


O ser Humano é limitado. Muito.


Começo desde já, por colocar esta carta em cima da mesa: O nosso Santo Graal, a Ciência, que entendemos ser a fonte da Verdade, não é mais que uma Convenção Homologada por um agregar e testagem de informações organizadas em torno de determinada proposição (mas que carece de alguma vigilância -onde entra a epistemologia e a revisão dos pares- dada a sua imperfeição, uma vez que a mesma é espoletada e desenvolvida por indivíduos imperfeitos). Ora, verifica-se que a ciência tem como objetivo tender para a Verdade e não ser A Verdade. A sua verificação e acreditação está nas mãos de seres imperfeitos, é uma espiral sem fim de imperfeição, que busca cega e constantemente ser perfeita... Aqui, entra a velocidade. Quando abraçámos a ciência, abraçámos a ideia de que podemos ser perfeitos e isso é impossível, tão facilmente se verifica esta condição, quando entendemos que optámos por correr atrás de uma coisa que não se "apanha", a Verdade nunca pode ser possuída nem exercida por seres imperfeitos, nenhum conceito UNO pode efetivamente coexistir com a imperfeição. Estamos a correr para lado nenhum, apenas a criar cansaço, com algumas recompensas pelo meio que apenas alimentam o ciclo vicioso de corrida e cansaço contínuos. Nunca ninguém precisou de um smartphone mais rápido, só começaram a precisar desse dito cujo quando os começaram a atafulhar de coisas com o slogan de "ter tudo na palma da mão quando queremos" basta observar como os menos suscetíveis à "mudança" têm lidado ultra pacificamente com ela. Até a tirania lhes impor uma transição de maneira a que lhes seja provocada a necessidade e entrada no circuito de mercado..."Nem a feijões se podem perder uns trocos, esses primatas desatualizados..."


Esta suposta evolução e velocidade a que vamos pairando na vida, obriga a um rendimento que não é compatível com a nossa capacidade de adaptação a longo prazo, provocando um acumular de erros com consequências intergeracionais...


Isto é a negação de tudo...


Porque é que nos vamos reproduzir!? Para termos alguém a quem passar a batata quente!? Ou para que esse "alguém" possa continuar o nosso trabalho de pseudo "melhoramento continuo"!? Diria... Para continuar a correr por nós!?


Se de facto verificássemos um trade off efetivamente positivo nesta correria, mas não...


Fala-se da automação como futuro para a competitividade entre as empresas num espaço global. Segundo o PORDATA, em Portugal, 4.913,1milhões de pessoas estão empregadas, igualmente, segundo a mesma fonte, por via do Programa "Nós, Portugueses" transmitido nas últimas quinta e sexta-feira da semana passada, vão ser destruídos 1 100 000 empregos e criados (em princípio) 1 100 000 empregos, sendo que os criados, não serão ocupados pelos que ficaram sem emprego. Estamos a falar de mais de 1/4 da população empregada e que contribuiu com trabalho até a esta "nova fronteira". Nem quero pôr isto numa escala global...


Citando a mesma fonte, a automação terá um impacto positivo de 0.6 % ao ano no PIB.


Ora... Não sou contra, mas tenho pouca coisa a favor, sei que ao viver num espaço global e mais concretamente num país que paga o preço de não inovar nem transformar há anos, que por maioria de razão, já não navegamos "à bolina", mas sim, apenas e só, no sentido em que os ventos do Mundo sopram ditando a nossa direção.


Mas questiono o seguinte: Alguém apanha um autocarro convencional com 3 rodas? Pois...


Passo a explicar, um autocarro com 3 rodas, tendo os seus passageiros concentrado o seu centro de massa nas zonas onde existe apoio (roda), o autocarro deve conseguir iniciar a marcha, e em princípio, efetuar um percurso de curta duração. O problema, é que nem todos os passageiros têm o mesmo destino, mas pagaram o bilhete para onde queriam ir, não sabendo do ponto de partida, que não chegariam ao seu destino. E já nem falo no facto dos passageiros serem disciplinados para estarem sempre no mesmo sítio, e se isso permite, o início de marcha do dito autocarro...


Esta pseudo alegoria, é a transição que vamos viver nas próximas décadas...


Como é que se tem o desplante de pôr de parte um "sem fim" número de pessoas que contribuíram com o seu esforço e trabalho para no fim ficarem sem nada!? A sociedade do futuro tem que ser uma sociedade de constante aprendizagem!? Quem quiser tem que continuar a aprender!? Espera... Mas isso não é o que se faz agora!? A diferença, para este caso, é que temos que estar apenas e só disponíveis para aprender o que for útil à transição! Então só vamos estar aptos a contribuir para a mesma coisa!? Tudo o resto é inútil!? O último grito da inovação, culmina num cúmulo que faz de nós meros e fieis serventes desse propósito!? Qual libertação e tempo para criatividade qual quê...E já agora, metam a palavra talento no... Isso.


Talento... há aos pontapés, sempre houve, somos criaturas fantásticas...Mas somos tão condicionados desde demasiado cedo... O talento, deixa de ter propósito, ao dias de hoje, apenas é considerado talentoso, quem tem talento para o que serve naquele momento, tudo o resto... ninguém quer saber... Mas o talento está lá... Isso está!


Rendimento Básico Universal!? Então as massas que ficam sem emprego ficam limitadas em perspetiva daquilo que auferem para serem limitadas no que têm!? Porque assim podem escolher um part-time e de resto somente existir recebendo o dito Rendimento!? Então mas isso é o que já acontece com pessoas que trabalham sem contrato e fintam o IEFP!? E os patrões!? Que nesta fase inicial ficam protegidos recolhendo todas as contrapartidas sem o fardo de ter tantos empregados!? "Pune-se" a maioria em detrimento de um pseudo progresso com uma transição tão heterogénea!? A transição vai acontecer, não tenhamos dúvidas disso, mas nunca podemos limitar a liberdade nem a autodeterminação de nenhum cidadão do mundo por uma moda, que ao fim e ao cabo, usa marketing baseado no hiato de tempo provocado pelo não emprego para vender coisas que não vão acontecer. Seguindo uma lógica mecanicista, que filosofia existirá!? Que inovações existirão!? Resolver-se-á primeiro a automação e só depois o resto!? Com que legitimidade ou nexo!? E o tempo útil para resolver o resto que está por resolver há séculos!? A Automação não resolve vários problemas, apenas facilita com que se repliquem várias coisas a uma velocidade sem precedentes (o que é bom e mau de ser replicado)... Facilmente se compreende esta última premissa, uma vez que o verdadeiro trunfo da automação é a replicação mais rápida com menos erros. Logo a automação só é eficaz quando o processo resolução/fabrico é conhecido... Os problemas que ainda existem, são problemas para os quais ainda não investimos tempo suficiente (porque não o temos) para estabelecer uma solução e a implementar. Partindo deste ponto de vista, a Automação serve para muito pouco, quanto muito, apenas servirá para implementar coisas às 3 pancadas mas para isso a automação era desnecessária, já cá estamos nós para isso. E os patrões que se cuidem, também vão ser substituídos.


E nem quero falar nas quantidades absurdas de energia que vão ser necessárias para alimentar esta "moda"... É mesmo "um baralhar e dar de novo"...


Que futuro...!?


Até lá, com que pretexto, que não o mero desejo da paternidade/maternidade, é que nos vamos reproduzir e educar convenientemente as futuras gerações quando não temos tempo nem qualidade de vida suficientes para forjar uma nova geração de qualidade que entenda que é um Ser Humano Livre e não um mero instrumento útil ou inútil!?


...E ainda nem levámos a lambada da crise demográfica que aí vem...


Recordo que em 2019 por cada 100 jovens já existem 169 idosos... Estão literalmente a fritar cérebros porque faltam cérebros (e mesmo assim, já rendem demais tamanha a precaridade em alguns setores.... e não, podiam vir todos os cérebros emigrados que íamos continuar com o mesmo problema...).


Acham que a solução é produzir "cérebros mal passados" e recorrerem ao "McDrive de Cérebros" - Universidades - !? Percebem o acumular de erros!? Percebem a ausência de capacidade política para atuar!? Entendem que para sermos competitivos ainda vamos ter que produzir mais por unidade de tempo, logo, mais rápido, com menos cérebros disponíveis, e com estes últimos, já saturados!?


Não que os erros não possam acontecer, mas "a pressa é sempre inimiga da perfeição" e mesmo que "o ótimo seja inimigo do bom", neste momento, já nem o bom conseguimos, produzimos e replicamos mediocridade a uma velocidade sem precedentes.


A necessidade de progresso é algo que se perspetiva (ou se deveria perspetivar) num prazo mais alargado, para os que estão para vir... mas hoje em dia, quer-se progresso para ser capitalizado no décimo de segundo seguinte ou então em "pré-venda". Esta forma de ver e fazer coisas condiciona necessariamente o nosso foco sobre onde, como e quando devemos canalizar esforços para corrigir os ditos erros que resultam dessa mesma sede de progresso.


Naturalmente, isto levanta várias questões: "Já não temos conforto suficiente?" ; "No geral, o Mundo Desenvolvido não funciona relativamente bem!?" (Num sentido lato, claro. Não estou a olhar a casos particulares e escrevo no contexto de ser português/europeu com acesso a educação, saúde e bens de primeira necessidade no dia 16 de Dezembro de 2020)


Do meu ponto de vista, sim. Há muito que temos conforto suficiente e que as coisas funcionam minimamente bem. O que é facilmente verificável, tendo em conta que a maior parte das "necessidades de mercado" são provocadas e não são efetivamente "urgentes" que exijam tamanha velocidade e frequência de consumo, e no fim das contas, existem mecanismos que têm protegido os cidadãos de países onde se vive em Democracia e que pertencem a Índices de Desenvolvimento que os classificam como Desenvolvidos, continuando a roubar espaço e tempo para se trabalhar nas falhas que persistem a vários níveis e em tantos pontos diferentes do Mundo.


Este modelo esgotou-se ou caminha para o esgotamento.

Não posso concordar com visões do futuro assentes nesta perspetiva de recursos e de riqueza ilimitados (com a sua redistribuição e distribuição, é outra conversa). A partir do momento em que vivemos num espaço circunscrito cujos recursos são consumidos a uma velocidade superior à sua renovação, penso que a falácia é mais do que evidente. Mais, a população também não pode crescer ad aeternum. Depois admirem-se com Coronas e outros que tais que ainda nem sabemos que existem...


Pior, a velocidade a que se estão a produzir políticas e a eficácia das mesmas como mitigadoras deste "estado de coisas" é manifestamente insuficiente (mais uma vez, a prova da pseudo gestão de curtíssimo prazo e da nossa verdadeira limitação e incapacidade). Sobretudo, quando os que têm muito continuam com muito e os que não têm nada, continuam sem nada. E a existirem consequências, que vão existir, serão enfrentadas de pontos de partida completamente diferentes, e isso, para mim, é chocante e revoltante enquanto ser humano que partilha a Terra com outros seres humanos que têm tanto direito a liberdades, direitos, garantias e dignidade como eu e todos vocês. Mas não, "os nossos problemas" é que são importantes. Quando for preciso damos numa "de solidários e quiduxos" e fica tudo "bem".


Pior ainda, os principais veículos para contrariar e combater parte desta situação falharam, e não é de agora, a Educação e a Academia falharam. Falharam tão categoricamente, que na sua esmagadora maioria, apenas conseguiram produzir meras unidades de replicação de trabalho com base num modelo demasiado hierarquizado, alicerçado no recibo de vencimento e nas expectativas e "status" que o mesmo cria ao longo da vida de quem o receberá.


Ao longo dos anos, as tutelas tiveram o desplante de manietar direitos basilares da sociedade através de um prisma meramente economicista, de poder, de influência e de pseudo competição.


Sim, a Educação e a Academia forjaram a geração que nos trouxe tanto progresso e conforto tão rapidamente, não porque não fosse necessário, mas seria assim tão urgente (a uma escala global)!? Deixaram o "cruise control" a 200km/h depois de atingirem patamares e objetivos que viram os seus responsáveis atingir enquanto eram subordinados esquecendo-se que para o próximo "salto" 200km/h já não chegam, este próximo "salto" e seguintes (dentro da mesma perspetiva) apenas forjam cegueira, irreflexão e mera reprodução (apenas mais rápida e sem grande mais valia)...no fundo, prisão e prejuízo a um prazo mais alargado porque o seu ponto de partida era diferente, sendo algo mais simples de ganhar escala que o atual... Afinal, ainda existiam algumas necessidades "não provocadas"...


Agora, vamos supor que o cruise control tem que ficar nos 250km/h. Vou explicar de forma sucinta o que acontece (regra geral) a 250km/h, numa estrada no meio do nada e que vai para lado nenhum, com condutores pouco hábeis e cansados: ou ficamos sem combustível (seja lá qual for a sua origem) e ficamos até onde conseguimos ir, sem hipótese de pedir boleia, porque antes morremos de sede ou de fome ou então nos despistamos e morremos imediatamente, ou mais devagarinho, mas morremos, parece-me um prognóstico animador!


Estes pilares, servem a sociedade, nunca podem servir com tamanha reverência, uma engrenagem baseada em interesses de polarização de poder, influência e insanidade. O conhecimento tem que ser Livre e Independente! Não pode ser "esculpido" para favorecer determinadas realidades nem a sua utilidade definida em função de qualquer interesse em particular.

Certificaram, anos a fio, competências e valorizaram perfis incapazes de contribuir para a Cadeia de Valor Acrescentado e prossecução de modelos de governança e de negócios sustentáveis. Mas faço uma ressalva, aqui, a culpa não é de quem se sujeita ao modelo, a culpa é do modelo e de quem o tutela e alimenta recolhendo as suas contrapartidas, colocando a base numa posição frágil de caminho único que culmina na sua forçada, perentória e redutora adaptação, cultivando assim, no futuro topo da hierarquia, um ciclo vicioso de comportamentos trogloditas e insultuosos para com qualquer forma de "inteligência inferior".


O modelo deveria permitir uma maior liberdade, com diferentes áreas e currículos (algumas profissões estão em vias de extinção, e se calhar, não é suposto desparecerem tão cedo, digo eu... ) e mais flexibilidade e aceitação por parte do mercado de trabalho relativamente às competências efetivamente demonstradas e não às descritas num pedaço de papel com um programa curricular estanque e redutor ao qual está associada uma média que, para além disso mesmo, valem pouco ou praticamente nada. Precisamente, porque este modelo já não serve. Falhou. E neste momento, acumula prejuízo técnico, intelectual, social, político e psicológico.


Mais, como pode haver matéria sensível de divulgar!? Como podem existir coisas que não se "devem" ensinar!? Eu sei, eu sei, não há tempo... Mas também não há contraditório... Apenas um caminho triste, redutor, de replicação, ausência de crítica, criatividade e de efetivo progresso. Uma verdadeira corrida desenfreada pelo rendimento que não se atinge porque o modelo não o cultivou sob outra perspetiva que não a da mera velocidade uma vez que acredita que se vai chegar a algum lado nunca colocando o cansaço na equação.


Recordo que em vários episódios da História até à atualidade, continuamos a ir negando referências até ao dia em que precisamos delas porque somos instruídos a olhar só para "um lado do copo"... E quando precisamos delas, precisamos delas rápido... É tudo urgente, mas as referências, ficaram-se por ali, morreram, quase esquecidas...mas hipocritamente recordadas naquele breve momento de estapafúrdia necessidade.


Para mim, os outliers não podem ser os melhores, os outliers, para o bem de todos nós, devem ser os menos bons (estes, precisam que o seu potencial seja revisto e reaproveitado noutros setores)...Mas pelos vistos, a mediocridade conquistou "um lugar no nosso coração"... (tudo se paga...)

Se por acaso têm dúvidas do que aqui escrevo, pergunto-vos, se estamos a viver numa época em que o conhecimento circula e é aplicado a uma velocidade sem precedentes como é que as nossas vidas não mudam para melhor como nunca mudaram!? Como é que a libertação nunca mais chega!? Tanto tempo investido com um pseudo retorno alinhado numa sociedade de consumo desequilibrado...


Sinceramente, só nos vejo a acompanhar a curva exponencial da tecnologia que é vendida, mais uma vez, com o pretexto da velocidade... Há tantas outras curvas interessantes, mas só se fala nesta... Eu sei porquê, é a única que gera mais valia quase instantaneamente, mas não é necessariamente a mais sã.


Se entendêssemos o que é ter o suficiente, os custos de produção de várias coisas (que respondem a verdadeiras necessidades) podiam descer tanto e estarem ao alcance de tantos outros... Mas não... Isso não martela necessidades manhosas nem fabrica números.


Tirando um punhado de coisas no campo da investigação científica, o que é que foi completamente inovador para o mundo nos últimos anos e que é capaz de ter alcance para produzir consequências positivas a uma escala global (global a sério, não apenas para mais do que um país desenvolvido)? Pois...


E do que surgiu com esse alcance, porque não é executado!? A resposta é simples, ao prazo conveniente a quem detém o poder "de fornecer" esses recursos, não interessa executar. Isto é, literalmente, roçar um diagnóstico de uma qualquer psicopatologia.



Andamos há anos a fio a correr para chegar a lado nenhum e agora estamos todos espantados com doenças, mortes, guerras, alterações climáticas (a nossa quota-parte de culpa), agendas políticas perversas… a nossa desatenção em função do excesso de velocidade traz um preço e estamos a pagá-lo. Felizmente, a prestações, se fosse tudo de uma vez...

Gostava que fizessem um exercício, pensem. Aqueles que nasceram pouco depois de 1994 (até ao ano 2000) e antes de 1994.


Como era o consumo na nossa infância e pré-adolescência?


Da leitura que faço, a relação entre consumidor e produto era menos próxima, ou seja, o perfil do consumidor ainda se distinguia do produto, sendo o produto algo apetecível a alguns traços do consumidor.


Hoje me dia, com o acumular de informação, o produto funde-se com o consumidor e torna-se quase indissociável, viciante. Assente em mecanismos de compensação e condicionantes do nosso equilíbrio emocional.


À primeira vista, isto seria algo positivo, porque supostamente, produtos com esta quantidade de informação na sua retaguarda responderiam melhor às nossas necessidades. O problema é que nós não temos tantas necessidades como os produtos nos têm apresentado soluções, dando a entender que temos necessidades que ainda não nos tínhamos apercebido que "tínhamos".


Falso.


Ora, conforme o produto se vai integrando nas nossas vidas, que não têm tempo para percecionar o verdadeiro valor dessas ditas "supostas" necessidades, entramos noutra espiral, a do consumo. E consumimos, e consumimos, coisas que sistematicamente nos tornam insatisfeitos e infelizes, uma vez que temos que repetir o mesmo sacrifício do aprisionamento no trabalho para obtermos a recompensa de vendermos o nosso tempo para comprarmos algo que nos torna ainda mais infelizes a prazo.


O cúmulo desta situação, já a vivemos.


Vivemos de tal maneira, que de forma massificada, o produto já somos nós. Estamos presos sendo produtos, havendo lugar para que o produto que não "somos nós" nos substitua... se não tivermos cuidado é o que vai acontecer. O Stephen Hawking, o Einstein e outros... já disseram uma ou duas coisas sobre isto, tirem as vossas conclusões.


Isto não é libertação, é algo muito próximo de "auto-escravidão" e corrida para a inutilidade. Habituados a andar tão rápido na vida, não saberemos abrandar, criando um buraco de insanidade coletiva irrecuperável uma vez que os "anti" que ainda restavam foram sendo silenciados com o pretexto do "último esforço" que nunca acaba.


Não existirão referências.


Não é à toa que a inteligência artificial gera biliões e biliões em receitas porque vende informação e tudo o que lhe é complementar com base nos seus perversos algoritmos que nada mais fazem do que manietar a nossa liberdade.


É importante dizer, nesta fase, se é que alguém chegou até aqui, que nada do que eu escrevo tem como objetivo limitar a autodeterminação de quem quer que seja, mas apelo a que entendam que nos encontramos num espetro de equilíbrio muito delicado e altamente prejudicial. Não fossem batidos recordes no que concerne à falta de saúde em geral, mas sobretudo, a mental.

Para quê um telemóvel com uma câmara tão boa, mas tão boa, para nos expor com mega resolução se depois temos que andar a explorar ângulos, roupas e luzes e tretas para depois andarmos sempre insatisfeitos e presos a esse paradigma, apenas voltando à superfície para respirar com a gratificação alheia de likes e comentários de ocasião!? O espelho é a "primeira câmara" com quem temos que estar em paz, preferencialmente ao acordar, durante o dia e ao adormecer, o resto é resto.


Mais, vivemos dilemas éticos e morais gigantes um pouco assentes na insanidade mental generalizada, propalamos aos sete ventos a nossa postura ética e moral publicamente e a nossa intervenção com encenações baratas para procurarmos gratificação imediata (entre ecrãs) sem produzirmos qualquer retorno ou impacto na realidade, mas o "ato" foi divulgado (entre ecrãs), então a indiferença já se pode instalar novamente porque não há tempo para fazer "algo que não seja para mim". Quando nem para o "mim" tens tempo...


Onde andam essas palmas!?


Onde anda essa consciência crítica!?


Onde anda essa participação cívica na política nacional!? E internacional!?


Onde anda essa noção de Estado de Direito!?


Onde anda a noção de valores, direitos, deveres, liberdades e garantias em Sociedade!?


Onde anda essa coerência!?


Pois...


Outra coisa, as manifestações em redes sociais preparadas, encenadas, orquestradas (até!), não são momentos criados, são momentos arranjados. Nenhum momento que se crie/surja "existe" tempo suficiente para ser criado (daí o seu valor!), simplesmente acontece e tão depressa termina. Por isso, pensem lá bem no que andam a fazer... Eu incluído, mais face ao que já fiz, e não tanto, ao que tenho feito há um bom tempo para cá, sim, eu aponto o dedo, mas estou ciente da minha imperfeição... que é tão somente a minha condição humana...ser imperfeito...e dou-me muito bem com ela.


Aliás, todos a deveríamos acolher como condição normal. Mas isso já é para outra conversa...


Ainda neste âmbito, não posso deixar passar que a nossa imperfeição é tal, que o afeto de quem nos antecede acaba por criar uma espécie de bolha para que não sigamos de forma vincada o caminho da construção da nossa pequena "verdade", mas sim, da prossecução das massas. Eles sabem que isto dói, tiveram que se sujeitar pelo cansaço que lhes era imposto por essa luta... Mas caramba, que venha a dor e a tristeza, sem isso, de que vale andar por aqui!? Sentir nada, sentir pouco!? Para!? Sentir é viver, e mesmo o que é menos positivo de se sentir é sempre mais do que se vai sentindo enquanto ainda sentimos alguma coisa... digo eu, que não percebo nada disto...


Aliás, a manifestação dessas emoções menos confortáveis não dura para sempre, nada dura... para sempre...


Por fim, o maior nojo que sinto, a comunicação social (em todos os seus veículos de divulgação - sobretudo, redes sociais) também se tornou vítima (e posteriormente, cúmplice) do excesso de velocidade. Completamente subjugada ao oportunismo barato de se apropriar do fato de andarmos atarantados para assim nos manter e com isso se colocar mais próxima dos eixos de poder e das mais degradantes agendas políticas... se fôssemos educados e instruídos a procurar contraditórios e formar opiniões incluindo este último na balança das mesmas... Mas a velocidade... Conseguem virar-nos uns contra os outros vendendo "verdades ao segundo" que não são mais que "palha para burros"... Coitados dos burros, são animais adoráveis...


Um mundo são não precisa de fact checking.


Um mundo são não precisa de vender alegria artificial, porque o mundo são sabe que as emoções são isso mesmo, emoções, que existem no plural.


Um mundo são não usa motivação forçada nem mecanismos de hiper-rendimento porque entende que o ser Humano não é uma curva exponencial, nem geométrica, nem linear... simplesmente não é uma curva. É um ser que tem "um estar".


Um mundo são não manda calar, um mundo são permite criar.


Só plenamente livres, evitaremos este acelerar do fim com tão pouca coisa feita e vivida.


Não deixa de ser irónico ninguém querer morrer depressa, mas viver, matando-se um bocadinho todos os dias...


Esta reflexão é um bocado parva para um texto de dia de aniversário, deveria gratificar-me por continuar a viver aquilo em que acredito ao longo de mais uma volta em torno do sol, mesmo sabendo que pago um bom preço por isso.


Em vez de me gratificar, invisto um pouco de energia e tempo da minha parte para tentar contribuir para a identificação das falhas que encontro e formas de as combater. Naturalmente de forma muito condensada, mas lá está, sei que tu que estás a ler, também não tens tempo para ter tempo...


A vantagem competitiva para o futuro, não é fazer render um modelo falido que nos fez pensar que somos dominantes e Deuses na Terra, a vantagem competitiva está em serenar ânimos para avaliar falhas, investir na sua correção, crescer "sem adubo" nem com manipulações e redistribuir (globalmente) melhor o que daí resultar... no fundo, a uma velocidade compatível com a nossa verdadeira limitação e minimizando o impacto no meio que nos rodeia, que não é (SÓ) Nosso e que tanto nos faz e fará falta.


No seguimento da falha, é imprescindível negar discursos excessivamente otimistas que nos incentivam a correr sem destino com o pretexto de nos tentarem fazer "sonhar".


Também não digo que se sigam à risca discursos catastrofistas (que muito embora pareça, nada tem a ver com o que tenho escrito).


O discurso claro e sincero deverá ser o discurso de referência.


Já está na altura de pararem de nos projetar um mundo que não existe, temos que conseguir observar e entender o que está bem, o que está menos bem e o que está francamente mal. Pelas lógicas anteriores, isso é impossível, uma vez que perdemos horizontes para ver a realidade ao nos ocuparem com os frequentes cenários irrealistas que nos são propostos de 4 em 4 e de 5 em 5 anos.


Seria trágico, uma espécie tão recente como a nossa, cultivar o seu fim quando no seu ADN tem gravada a necessidade de reprodução para a sua manutenção no meio...


Fizemos coisas incríveis, mas o que temos feito ultimamente deixa muito a desejar...


Quisemos tanto viver no endeusamento da perfeição que acabámos por ser o diabo para nós. Lei do Retorno!? Isso...


Já escrevi várias vezes que não posso acatar que este seja O caminho, não faz sentido continuarmos a seguir este caminho por ser a negação do que nos trouxe tanta coisa que nos fez tão bem como um coletivo.


Mas este, é só mais um texto... com umas perguntas que julgo serem pertinentes, sem especialismos, mas um olhar sensível, e julgo eu, bastante claro, de algumas falhas que tenho conseguido identificar ao longo dos anos, às quais, junto uma brevíssima projeção do que vejo quando tento "olhar mais longe".


Afinal, hoje, sou só mais um bebé grande no meio das centenas de milhares de bebés daquela Sexta-Feira, dia 16 de Dezembro de 1994.

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"Temos, sobretudo, de aprender duas coisas: aprender o extraordinário que é o mundo e aprender a ser bastante largo por dentro, para o mundo todo poder entrar." -Agostinho da Silva
 
 
 

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