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Materialização

  • Foto do escritor: "Zé"
    "Zé"
  • 26 de fev. de 2018
  • 2 min de leitura

Assunto mais que badalado... mas sempre merecedor de tempo e reflexão.


Choco-me com a validade que se atribui à desmaterialização dos sentimentos e das emoções... Como se hoje, fazer "fixe" se confundisse com o polegar do "like" e um sorriso com um "emoji".


Com isto, assistimos à verdadeira objectificação do que faz de nós humanos, hoje, fazemos "swipe" e validamos ou invalidamos pseudo compatibilidades cujo único critério é estético. Faz sentido? Claro que não. É um princípio? Bem, a biologia assim o dita, mas é preciso ter cuidado com a linha entre a compatibilidade biológica e o preconceito/discriminação.


Hoje, é tudo figurativo e implícito mas exigimos uns aos outros a compreensão plena do que não é claro.


Hoje é o poder de compra e o status quo do nosso ego (que por incrível que pareça, é definido pelo nº de followers, "balanço entre followers e following", etc... são todos famosos e veneráveis por motivo absolutamente nenhum...) que nos une. O problema, é que da forma como nos une também nos separa ao mesmo tempo, construindo pequenos aglomerados de interesses e estados comuns mas que repudiam e não abraçam a diversidade dos outros. Estamos a ficar cada vez mais pobres enquanto seres bio-sócio-culturais, mas só porque deixamos que o acessório nos preencha.


Hoje entramos numa loja que nos diz como vestir e que corpo devemos ter... E mesmo que não entremos na loja, as redes sociais encarregam-se de fazer com que a loja venha ter connosco...Enfim... Mas nós, em vez de contrariarmos esses estímulos através da nossa liberdade intelectual nem resistimos e até nos esforçamos por corresponder, desistindo completamente da nossa identidade, identidade essa, que mais ninguém conseguirá replicar... O que implicará, infelizmente, que todos fiquemos iguais. O pior é que damos conta, e gostamos, mas quando a quantidade de "iguais" começa a fugir da "bolha do aceitável" partimos para a discriminação de alguém que nos está a replicar, aí, já nos esquecemos de que já replicámos alguém...


Este preenchimento de vazio com nada, a quem é sensível a esta dinâmica, é preocupante, no sentido em que nos torna mais previsíveis, controláveis e manietados... O que produz uma relação paradoxal com o produto que nos esforçamos por vender à força toda nas redes sociais, lá está, materializando algo que não existe querendo transmitir nas entrelinhas o que não se é...


É triste pensar friamente nesta realidade e constatar que de facto assim é. Custa descredibilizar à partida a maior parte dos sentimentos e relações que podemos observar... Hoje, por mais sorrisos que nos surjam, quantos serão verdadeiros? Por mais beijos que estejam fotografados, foram sentidos? (Ou foram cada vez mais sentidos de acordo com o aumento de "corações" no Instagram!?) Quantos saltos foram de felicidade? Quantos sorrisos escondem mágoa? Quantas gargalhadas são meramente "embriagadas"? Dá que pensar... Quanto de ti, é verdade?


Diz-me tu, um dia acreditarei...


Amanhã, quero acreditar em ti, em todos nós, num mundo mais verdadeiro, solidário, terno, diverso, humilde, livre e construtivo.


Por isso te digo, um dia conseguirei acreditar,


Acreditar que o que me dás é verdadeiro, e não, meramente material.


Somos todos mais que isto, poderemos ser todos mais que isto...


De verdade.



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