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Prefácio - 2019

  • Foto do escritor: "Zé"
    "Zé"
  • 31 de dez. de 2018
  • 10 min de leitura

Atualizado: 30 de jan. de 2021


Para todos aqueles/as que sabem e não sabem, este não é um blog/cantinho fofinho onde vêm insuflar o vosso ego com retóricas e positivismos irrealistas para aturarem mais um dia e continuarem a arrastar-se na vossa existência num "iô iô emocional" como a grande maioria dos espaços semelhantes a este acaba por promover... Aqui, opto por desconstruir e tentar, dentro do que consigo alcançar, transmitir-vos(NOS) VERDADE!


Tecnicamente é um tiro no pé porque um indivíduo que diz a Verdade nos dias que correm é louco, morto, mandado calar ou então passam-lhe por cima com um "coitadinho, é tão ingénuozinho"... Pois bem, sempre fui teimoso, azar (ou sorte) o meu (a minha). Nunca tive intenção de tornar este espaço popular ou extremamente divulgado mas, acho que, pelos menos hoje, tenho uma ou duas coisas para dizer que fazem sentido.


Para além do tiro no pé, ainda me predisponho a levar um murro no estômago porque também tenho noção de que (pelos "padrões comuns" - até dá vontade de rir, comuns onde!? Quem é que os ditou/dita!? Deixa-me rir!) não tenho autoridade moral para fazer estas cenas... Ainda por cima nem correspondo ao arquétipo de escritor marado... não uso óculos, não leio nada em geral, não recorro as alucinogénicos e tão pouco a "coisas do submundo" para escrever... Nem se quer tenho um aspecto "do além", NEM FORA DA CAIXA ... Enfim...


Porque é que eu escrevo e estou a escrever este texto...?


Bem, simplesmente, dentro da minha quase ou mesmo aborrecida normalidade sinto-me desperto, verdadeiramente desperto pelo que é SER HUMANO e sobre como nos temos tornado inaptos para exercermos aquilo que somos e para o qual fomos "desenhados".


E é esta a autoridade "moral" que eu, tu e todos nós temos para dar um passo rumo ao que é SER HUMANO que não executamos. Só temos que nos deixar despertar...


"E como é que nos despertamos?"


Simples:


- Abrir os olhos

- Ouvir

- Sentir

- Comunicar

- Empatia

- Viver para nós e para o NÓS

(DE VERDADE E COM VERDADE!)


"Simples!?"


Sim! Felizmente a grande maioria tem olhos, ouvidos, receptores nervosos específicos para o toque e a nível de química cerebral consegue ser empático/a. E se não tiver alguma/as, pelo menos uma delas, chega! Desde que a use com Verdade...


"Isso é demasiado bom para... ser Verdade...!?"


O pior é que é mesmo verdade e temos falhado redondamente. Vivemos numa sociedade altamente polarizada e extremista, de interesses comuns mas mutuamente exclusivos e que não compreende que a comunicação é o cerne de muitos dos problemas que hoje vivemos. É verdade que já escrevi sobre o assunto, mas sinto a necessidade de me repetir no sentido em que soube há dias que, hoje em dia, uma conversação tem em média 500 palavras... Uma conversação... 500 palavras... Isso é pouco mais do que o máximo de palavras para a composição do Exame Nacional de Português... Aquela que todos fizemos à pressa e apenas respeitamos a estrutura QB para não termos descontos na pontuação. Mais, algumas são organizadas tipo lista, porque o "tempo é dinheiro"... não amigos/as, "a validade é dinheiro"... pensem nisto...


A validade e a ideia de fim do tempo é que lhe confere "valor", o tempo por si só, é o que quisermos dele! Há tempo que vale, outro que não... por aí a diante... é só pensar...


Acham que faz sentido!?


Conversar à pressa com tempo contado, sem conteúdo e uma estrutura baseada na "pseudo-boa educação" (vulgo "cinismo/hipocrisia do sorriso amarelo")!? Ou até tipo lista de compras!?


Eu tenho a certeza que não...


Uns bons 10 minutos de boa conversa na nossa vida podem bem resultar nuns bons ano a crédito! E o melhor!? Nem juros, nem prestações, nem tretas... apenas e só tempo bem usado! Com valor! Sem ser "ao despacha"...


"Pois, faz sentido... Mas pá, explica lá isso dos interesses comuns mas mutuamente exclusivos..."


O que quero dizer é que de facto ninguém, na sua mais profunda essência, quer o mal de ninguém... fomos programados desta forma...


Mas sabendo do mal que é capaz de infligir, consegue projectar a ideia do mal que lhe pode ser provocado por terceiros. Ora, esta é uma relação expectável quando se tem como base o princípio da desconfiança...Desconfiança essa que provoca quebras nas cadeias de comunicação e produz um discurso que se perpetua no tempo após destruídas as cadeias construtivas baseadas no feedback positivo que têm como propósito o progresso e bem-estar colectivos.


Ou seja, trocando por miúdos, todos queremos o bem... mas como o princípio da desconfiança prevalece, a polarização e extremismo cultural e intelectual também vencem! E é aqui que nos separamos mais e mais fragmentando o tecido social dando ainda mais pulmão à desconfiança...


Aqui para nós, a desconfiança venceu pela abundância e pela nossa estupidez em querermos ter tudo QUANDO queremos... a "sexualização" do material e do querer ter versus o que estamos sujeitos a ter que nos sacrificar para termos o que queremos por estar meramente disponível, fez-nos fechados, agarrados ao que finalmente temos e não ao que somos! Deixámos de ser o que somos para nos subjugarmos às tretas que queremos, e ao fim do dia dizemos que "está tudo bem"...


Não foi, definitivamente, o princípio da desconfiança que nos trouxe até aqui, até porque se houve coisa que fizemos foi nos juntarmos e vivermos na base da confiança em pequenos povoamentos ainda antes de começarmos a domesticar animais e a cultivar alimentos... Caso contrário, estávamos todos contra todos e ter-nos-íamos morto a todos e muito provavelmente não estaria por aqui a escrever...


"Então e agora!?"


Agora, agora... Nada...Porque nada se repara agora, mas pode começar a ser reparado agora! Com um pequeno gesto, um despertar gradual para o que nos falta e para o que temos que fazer cumprir enquanto cá estamos.


Na realidade não estamos perdidos, simplesmente não olhamos para dentro quando olhamos para fora e por isso não compreendemos o nosso propósito! O nosso propósito é perceber o que nós podemos fazer pelo NÓS.


É fundamental perceber que a harmonia é um conceito que pressupõe uma concertação entre imperfeições e desequilíbrios complementares e não entre qualidades. Todas as qualidades coabitam bem desde o ponto de partida. É só puxar pela caixa dos pirolitos... E este, de que apenas as qualidades são complementares, é um dos maiores mitos perpetuados pelo discurso barato das 500 palavras da composição do exame de português... Todas as qualidades, quando o princípio é o da confiança (o suposto, numa base humanista) coabitam perfeitamente bem uma vez que o foco é a construção, o melhoramento e o progresso. Aí, um plano de acção seria sempre o diálogo em torno da concertação das imperfeições , um verdadeiro limar de arestas em que ninguém se questiona nem perde tempo com "porquês", mas sim, com "comos"!


Um pequeno, gigante passo, passa literalmente por dizer a verdade, apenas e só isso, sermos efectivamente honestos e sinceros.


Podemos, por favor, parar com as "palmadinhas nas costas"!?


Podemos, por favor, parar com o "Amo-te barato, em saldos e com os copos"!?


Podemos, por favor, parar com o "claro que sim"!?


Podemos, por favor, parar com o "Ama-te a ti própiro/a da desresponsabilização imediata que temos relativamente ao outro"!?


Podemos, por favor, parar com o "eu também da loja dos 300"!? (alguém ainda se lembra do que é uma loja dos 300!?)


Podemos, por favor, parar com as "lágrimas de crocodilo"!?


Podemos, por favor, parar de lidar com outros Humanos como acções no Mercado Bolsista ou aplicações financeiras!?


Por favor, parem!


Enfim...Eu percebo porque é que ainda não parámos... quando a desconfiança é o princípio reinante é normal que a dissimulação e omissão façam parte do prato do dia.


"Palmadinhas, Amo-te, Claro que sim...!?"


São pequenas generalizações que sou forçado a fazer para tornar isto perceptível, mais visual... no sentido em que não é possível conseguirmos manifestar-nos emocionalmente de forma 100% genuína quando o princípio em que a nossa confiança assenta é o da desconfiança. O que, imaginem só, continua a insuflar a a estupidez humana...


Por isso, em vez das palmadinhas, que se diga o que está mal e que se seja parte da solução.


Por isso, quando se ama de verdade, digam de vez em quando sem gastar a palavra e estejam presentes, que apoiem, que construam e cuidem.


Por isso, não há mais "claro que sim", digam que não quando não querem, expliquem (ou não) porquê, mas digam não.


Por isso, quando optamos pelo caminho fácil da solução generalista para aspectos muito específicos, isto no que diz respeito ao "pseudo Ama-te", percebam o que está menos bem, percebam como podem ajudar, como é que podem encaminhar para uma possível solução, não digam que está tudo bem e que não há problema. É evidente que a maior parte destes problemas surgem por pressões ridículas que a sociedade cria em torno de pseudo-padrões ideais... Mas não podemos negar que há inseguranças que ultrapassam essa barreira. É dessas que estou a falar... Todos nascemos tortos, assimétricos... E ainda bem! Se for preciso corrigir, que se perceba como, caso não seja possível, faz de nós únicos e tratar-se-à de um período de aceitação que deverá ser encorajado construtivamente. Mais do que a amar o que nos compõe, devemos cuidar disso mesmo. Cuidar com carinho, é uma casa, ferramenta e porto seguro com prazo de validade.


Até nisto a natureza nos mostra que o que efectivamente importa é a concertação entre as nossas imperfeições... Porque todas elas, mesmo sendo poucas ou muitas, não nos impedem de nos levantarmos e cumprir a missão!


Temos que parar com o "eu também" porque temos medo de ficar de fora, porque não queremos mostrar que somos diferentes e que a nossa diferença representa diversidade, e por isso, riqueza. Mas para isso é preciso ter a coragem para enfrentar o preconceito que a dita desconfiança representa. Mas um dia poderá ser melhor!


Por isso, sempre que se chora, que se chore a sério, com motivo e carga emocional com significado... Para que efectivamente se lave a alma! Que não se choramingue por atenção, que o queixume não seja suficiente para largar umas lágrimas escorregadias. Somos uma espécie mega adaptável, que singrou em Idades do Gelo e vamos andar a choramingar quando há e haverá sempre pior a acontecer à nossa volta!? Que se levante a cabeça e se endireite as costas para que se enfrentem os problemas! E se for para cair, que se caia de pé.


De facto, não me lembro nem compreendo como é que começámos a estabelecer relações com semelhantes desta forma, temos que parar, ninguém é uma Caixa Projecto até aos 25 sem despesas de manutenção para ficar a render e depois deitamos fora porque a "aplicação" já rendeu o que tinha a render, ninguém é um PPR para ser alimentado e depois ir sendo levantado conforme nos é conveniente e necessário! Onde é que pára a reciprocidade!? Ninguém é um activo a render sem investimento... Essa teoria do vácuo que alguns provocam e usam para chamar a atenção apenas faz deles pequeninos, muito pequeninos, tão pequeninos que se calhar precisam de uma fraldinha...


É verdade que generalizo e que corro um sério risco de ter alguma falha na leitura que faço, mas numa coisa eu tenho a certeza, perdemos demasiado tempo com "copos meio-vazios e meio-cheios", com meias palavras, com meias intenções, com meios compromissos, com meios sem fim e cheios de nada. E nem vou falar da estúpida valorização que um certo tipo de estética tem tido, apenas com o intuito de projectar um pseudo-status que não têm e que só vai tornando alguns mais ocos, cada vez mais ocos, ao ponto de conseguir contagiar terceiros mais frágeis e mal acompanhados.


De facto, à velocidade (em conjunto com a falta de conteúdo) com que vamos vivendo, só posso dizer que nos é vendida a ideia de que a vida é para ser vivida a negrito mas roubaram-nos o preenchimento... É triste, mas é verdade, vejo linhas superficiais, bem delineadas, mas tão finas... e por dentro, por dentro, um cheio de nada que não sabe bem o que é. Na realidade não é ausência de algo, mas sim, o seu não aproveitamento em função do medo em representar e viver a sua diversidade assente no preconceito que a desconfiança gera.


Um dia, um dia sei que vamos poder esquecer isto tudo e assumir o que somos vivendo de "comos", de cooperação , de construção, feedback positivo e progresso. A agitação/social é cíclica e Nós e o NÓS temos os meios para inverter isto e promover laços genuínos, mais saudáveis e progressistas. Um pouco à imagem do que nos trouxe até aqui, mas com mais roupa, menos pêlo e mais betão. Parece que a selecção natural está a intervir e mesmo que isso seja muito maior que nós, pelo menos que se faça alguma coisa enquanto não se "apagam as luzes", alguma coisa por nós e pelo outro.


Como já perceberam, algo deve ter corrido mal na linha do tempo para termos culminado neste estado... e tendo em conta que as premissas se começam a alterar, o outcome dos dias que estão por vir é cada vez menos previsível. Daí que a validade para tentarmos fazer a diferença se aproxime do fim.


Temos que despertar! Ser Humanos, de verdade!


Agora, que finda um ciclo de 365 dias, e tendo pintado um cenário negro, digo-vos que a VIDA pode ter muitas cores!


O facto de podermos fazer alguma coisa é verdadeiramente mágico, e no fundo, representa grande parte do que é o nosso propósito enquanto bichos que se dizem perdidos por termos um prazo! Pois é, mas é o facto de termos prazo, que nos obriga a cuidar do agora e do futuro.


Caminhamos numa linha muito estreita ladeada pelo caos e pela ordem sendo que vos posso garantir que através de um princípio de confiança e não-preconceito, que a harmonia será tão maior que nos permitirá ter uma caminhada muito mais estável e sã, cujo fim, será infinitamente melhor e mais digno. Nada é melhor do que a sensação de dever cumprido e tranquilidade de consciência!


Quando cultivamos este princípio, mais tarde ou mais cedo, ele "vem ter connosco"...mas enquanto não quebrarmos o ciclo, nada feito...


Por isto, por tudo isto e muito mais, escrevo este "prefácio" do que gostava que fosse este Nosso livro de 2019.


Vai ser um ano DURO como todos, porque o peso da nossa existência faz-se sentir, mas têm que saber que há sempre muito que podemos fazer para viver mais leves, podemos contemplar, cuidar, dialogar (MAIS DEVAGAR, SEM LIMITE DE PALAVRAS) e estar presentes!


Vai ser um ano INCRÍVEL como todos, porque todos nós aprenderemos coisas novas como todos os anos, mas as que aprendemos, aprendemos num contexto de espaço e tempo próprios que tornam todo e qualquer ensinamento especial!


Vai ser um ano SURPREENDENTE como todos, porque todos sabemos que vamos avançar para 365 incógnitas e que ainda assim temos a coragem para as enfrentar e ir decifrando.


O que não vai ser como todos os anos és TU, somos NÓS.


O NÓS muda contigo, o TU cultiva-se com um melhor Nós!


Vive a tua diferença, abraça a tua existência, diz a verdade!


Desperta!


Deixemo-nos de merdas.


(Ui, usei um palavrão! Que escândalo...)


Estamos de passagem, que se passe bem!


Sejam Humanos, Felizes! (De Verdade!)


Até 2019!

























ree





 
 
 

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1 Comment


correiabar
Dec 31, 2018

Gostei muito... continua.

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